sexta-feira, maio 18, 2007
Minha mãe foi deitar-se reclamando estar cansada. Confesso que nunca a vi assim, acometida calada e um tanto triste. Confesso que me senti a pessoa mais inútil deste mundo, sem saber o que fazer, vendo minha mãe ali inerte e desamparada. Sentei-me ao seu lado e tomei suas mãos, num ato desesperado de tentar lhe confortar e recompensar o tempo que não tenho estado por perto. Segurei firme sua mão, para tentar lhe trazer carinho e acalento, mas no fundo buscava eu mesmo não cair por terra, diante do desespero que a angústia que ela sentia, passava-me. Segurei sua mão e vi que ela percebeu este meu desespero e, mesmo cansada e cabisbaixa, por conta da arte que lhe é comum, ali mesmo, da forma mais pura e simples possivel, como que num poema feito na hora, falou-me destas suas mãos: dizendo que elas ja deram, ja tomaram, ja bateram, ja acalentaram, ja ajudaram, ja foram ajudadas, lembrando-me que esta é a beleza da vida, o amor incondicional acima de tudo, mesmo estando triste ou cansada ou calada, ou cabisbaixa, mas com certeza sim, sem nunca tirar o sorriso do rosto, sem nunca perder a esperança, sem nunca deixar de realmente viver, o mais intensamente possivel...
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