domingo, julho 09, 2006

BASTA!

Somos os melhores em..., auto-suficientes em..., campeões em..., NADA! Não somos absolutamente nada! Na verdade somos sim: mesquinhos, parcos, irrelevantes, ridículos e apagados, pois somos incapazes de compreender as nossas próprias e verdadeiras necessidades e, de forma consciente, saná-las. Somos hipócritas e demagogos, somos lixo, o mesmo lixo que alguns de nossos irmãos utilizam para coexistir. Não diria existir, pois não se pode considerar a coexistência destas infelizes pessoas como uma existência satisfatória. Come-se lixo! Anda-se no lixo! Vive-se no lixo! Como isso pode acontecer?. Em pleno século XXI, com toda a tecnologia que dispomos, com toda a supremacia que possuímos, com todo o dinheiro que gastamos, ainda morre-se de fome, é um absurdo! Nada concreto se faz, afinal, os excluídos estão longe de nós, de nossas salas aconchegantes, de nossos carros reluzentes, de nossas vidas perfeitas! e então, aquém dos nossos olhos, estas pessoas co-existem, co-habitam, não são consideradas! Não quero ser parte desta corja que é a humanidade, a qual, na sua maioria, vira as costas à realidade que assola a vida de milhões de pessoas. Não quero participar desta insanidade imoral praticada pela minoria que detém o poder, que apodera-se da realidade e carcome sorrateiramente as próprias entranhas. Cuspo em tuas faces, corruptos que roubam e deixam morrer, que não sentem nada por aqueles mesmos cidadãos que poderiam ser seus próprios irmãos. Enfureço-me e grito por igualdade de condições, igualdades de raças, igualdade entre as pessoas. Basta de impostura, de fingimento e de achar que somos todos tolos e burros. Realmente basta!, pois o momento é agora e já não nos resta mais tempo e, já não nos restam mais desculpas...

JULIANE


"...Que bom foi ser como um beija-flor, que entre tantas outras flores te escolheu; num beijo sussurrado te acolheu, e recebeu o gozo em mel do teu amor..."

SENSAÇÕES VIVIDAS


Houve dias em minha vida em que sentia uma enorme angústia no peito, não sei porque. Nunca soube. De repente, e do nada, eu era acometido por uma melancolia enorme que realmente, sem cerimônia nenhuma, me fazia ver o mundo de forma diferente das outras crianças da minha idade. Era uma espécie de nostalgia ou saudade de algo que nem mesmo sabia, uma vontade de chorar, de sair correndo, ou me esconder de tudo e de todos, era um medo enorme do desconhecido, de achar que não fazia parte daquele momento e de simplesmente estar ali, fosse ali onde fosse. Não acontecia todo dia, mas acabava por ser um fato freqüente e, para tentar aliviar a situação, criava mundos imaginários, amigos imaginários e heróis imaginários. Não posso dizer que tive uma infância ruim, mas posso dizer com certeza que não gostava de ser criança, pois nada que fazia, ou que era disponível e comum às crianças fazerem, me satisfazia, ou trazia alegria, pois achava que aquilo tudo era bobo e idiota, como se eu fosse um ser adulto em um corpo de criança e tivesse que atravessar todo o aprendizado corriqueiro para se atingir a maturidade. Muito chato! Não sei ao certo a razão de estar escrevendo isso, mesmo porque, cada um de nós possui a sua loucura e sempre acabamos por engrandecê-la e torná-la mais importante ou interessante que a realidade dos outros e, na maioria das vezes queremos fazê-las parecerem contos épicos e mirabolantes. Talvez esteja dizendo isso para me desculpar de mim mesmo, por ter desde cedo perdido o tempo que tinha, buscando atingir um patamar que não me cabia naquela hora, mas e se realmente eu não fizesse parte daquele contexto, e se eu não tive capacidade de entender aquela dinâmica que me apresentava, e se eu era realmente um homem feito, com as potencialidades de um adulto que já havia vivido as experiências da vida e estivesse no corpo de uma criança, absurdo? de que podemos duvidar nesta vida? acho que na realidade nunca saberei o que realmente aconteceu naqueles idos tempos, pois a única coisa que sobrou dela foi apenas uma sensação distante fria e estranha...

SENSAÇÕES À VIVER



E então me fiz homem! Já não sinto mais àquelas sensações tristes e estranhas de quando criança, mas agora as indagações são outras, mais complexas, mais extravagantes. Busco incansavelmente entender a mecânica da vida que vivemos e às vezes frustro-me por acabar sentindo que nunca realmente a entenderemos. Neste momento então, aquieto-me e tento não pensar em nada, pois para me salvar, já não consigo criar os amigos imaginários ou heróis de outrora. Simplesmente faço isso: aquieto-me tentando não transpor a linha tênue da sanidade. As minhas maiores vitórias diárias são realmente não transpor esta linha e enlouquecer diante da complexidade apresentada pela vida e toda a existência em si, a qual é realmente maravilhosa, engenhosa e às vezes, difícil de entender porém, com certeza, não indecifrável. Cansado, mas não derrotado, vou para um canto qualquer e ali dou um tempo, mas somente um tempo, antes de iniciar a eterna lida na busca do entendimento da vida. Escondo-me atrás de algo para não ficar em evidencia até retomar o fôlego e começar tudo de novo. E é esta busca que me alimenta. É esta busca que me empurra para frente, é nesta busca que vou moldando o meu verdadeiro eu...

quinta-feira, julho 06, 2006

PERCEPÇÃO DE UNIDADE

Existem momentos em que minha mente, de forma involuntária, analisa inflexivelmente, aspectos da realidade cotidiana, os quais acabam por transmutar esta realidade entre o abstrato, o concreto e a subjetividade, criando características ou até mesmo outros pensamentos que vão se ligando sempre, até chegar ao limite que acredito ser o da sanidade, e daí, simplesmente desaparecem do seu contexto ou desta razão. Deste ponto, não consigo ir adiante. Acredito, por conta destes pensamentos, que a realidade que vivenciamos é subdividida em outros universos que chamo de macro e microscópicos, podendo se chegar ainda à conclusão mecanicamente precisa e correta, de que estes universos são exatamente idênticos. Os mecanismos e a dinâmica destes universos, a meu ver, transmutam as realidades que simplesmente expõem, e acabam se mostrando como um espiral infinito, um enorme fractal, que possui no inicio ou borda, grandes proporções, e no seu final, um tamanho bem menor, porém apresentando, as duas extremidades, esta mesma dinâmica, as mesmas características e aspectos, porém em tamanhos diferentes. Por conta desta maravilhosa "divisão Áurea" podemos entender e aceitar que tudo faz parte de tudo e que cada molécula possui seu correspondente em universos paralelos, onde já não possui a mesma proporção, mas uma fração desta. Cada relampejo de luz que emite seus fótons para todas as direções, possui o seu correspondente em outros planos existenciais, podendo ser infinitamente maiores ou menores, porém idênticos. Na verdade não idênticos na aparência, mas no simples fato de existir e ser parte deste todo. Estruturas existenciais inter-relacionadas que coexistem, uma dependendo da outra. São como disse, universos dotados de características próprias, mas que interagem entre si. A teoria quântica aceita que de tão mirabolantes e infinitamente pequenas, as partículas subatômicas podem ser onipresentes e por conta disto, podem estar em todos os lugares num determinado tempo. Seguindo por esta premissa, seria aceitável que também pudéssemos ocupar vários pontos do espaço num determinado tempo, não, contudo ocupar o mesmo espaço no mesmo tempo, já que a massa não permitiria. Pode até parecer complicado, mas na realidade não é, a única verdade que devemos ter em mente é que tudo é um só e somos todos interligados por conta disso. É um eterno abraço sinérgico, onde tudo reflete a todos e todos refletem à idéia de unidade e esta unidade está ligada a força maior que tudo rege, Deus, que faz parte de mim, de você e de tudo que nos cerca. Simples assim...

terça-feira, julho 04, 2006

A CONCRETA INCERTEZA DE SCHRÖDINGER


A palavra mais incerta que se pode pensar é o "se". E "se" eu não tivesse feito isso, ou "se" eu tivesse feito... E "se" eu não abrisse a caixa? Será que o gato estaria morto? estaria vivo "se" ficasse eternamente fechada? A incerteza do saber vai de encontro com a nossa necessidade inata de tudo ter controle, de tudo conhecer. O caos que esta sensação causa é instigante, é como uma droga que nos derrota imediatamente. Por que lutar contra? Existe metade de chance de algo acontecer, mas ai a incerteza entra de forma aterradora e nos descontrola, pois sabemos que o resultado independe de nossas ações, ou será que dependeria? Será que se eu interferir o resultado será o desejado? E se eu ficar inerte, será este o caminho?´É incrivelmente imprecisa as respostas e isso nos aflige pois somos seres concretos e necessitamos de um ponto final, precisamos saber que algo é algo e fim. Quando nos deparamos com esta indecisão dos fatos, acabamos a chegar a beira da loucura, pois qualquer dos resultados poderiam ter acontecido e isso não faz sentido aos nossos cérebros necessitados de certezas absolutas, então, a única coisa que poderemos dizer com certeza é que o gato na caixa de Schrödinger está vivo...e morto, mas isso é outra historia, os quânticos que a digam...

domingo, julho 02, 2006

A CAVERNA REVISITADA DE PLATÃO


De que poderiam ter medo aqueles que só conheceram as suas próprias sombras? Quem poderá saber, já que foi só isso que conheceram...? Como poderia eu tentar explanar as minhas idéias, se elas, definitivamente não provêm destas mesmas sombras? Desta forma, mais uma vez a pior das solidões se apodera de mim, pois não estou sozinho em uma ilha entoando meus cânticos às gaivotas; estou diante de todos explanando o que sinto e sendo recusado por conta da ignorância de cada um e, como aconteceu àquele que retornou à caverna para explicar o que realmente acontece no lado de fora da moralidade insana e desconexa deste pseudo-contexto, fôra desprezado. Sem forças cai ao chão e vislumbra o imenso vazio que existe entre as realidades, sejam elas verdadeiras ou não, pois, quem irá saber...?

sábado, julho 01, 2006

TRANSPORNO OBSESSIVO COMPULSIVO


Quando vislumbro com objetividade o espaço que constitui a minha realidade, tenho sempre a sensação de que este deveria ser preenchido simetricamente. Sei que parece loucura ou mais uma das inúmeras manias que possuo. Na verdade não sei o porque. Sei somente que isto é uma necessidade intrínseca, independente da minha vontade e razão. Para mim, os espaços poderiam ser todos constituídos de planos límpidos e livres de aspectos desconexos. Até poderiam possuir ornamentos suaves, volutas sóbrias ou traços precisos, mas definitivamente deveriam ser simétricos. Deve ser por alguma necessidade psicológica desconhecida, alguma insanidade que transpõe a realidade e se demonstra como uma necessidade que é na verdade bem simples. Realmente nunca parei para pensar no assunto até este momento. Sabia que estava lá, esta vontade da clareza, do simples, da harmonia entre as proporções. Pode ser um reflexo característico de algum gene alelo ou cromossomo adaptado de tempos passados ou de vidas vividas ou transferidas entre as gerações, que acabaram por me acompanhar e que findam por passar-me estas sensações. Talvez a tendência dos acontecimentos e preenchimentos dos espaços que nos cercaram e que seguiram parâmetros caóticos que congruiram, no final da experiência, à simetria dos traços e objetos. Talvez tudo isso não passe apenas de uma singela saudade de se vislumbrar a disposição nostálgica que a vida sempre foi e que sempre desejou ser: simples, harmônica e principalmente simétrica...

TENZIN GYATSO


Dalai Lama acredita que não adianta somente orar. É importante, mas somente isso não basta... É importante agir nas situações. Não são necessários atos heróicos nem uma grande alteração na rotina, mas devemos proporcionar oportunidades de realizarmos pequenos atos benevolentes para que o mundo comece a se transformar para melhor. É como cruzar uma ponte numa noite gelada e ver uma criança ali passando frio. Você pode se encher de pena e rezar para que a Providencia faça chegar a ela um agasalho. Pode também seguir o seu caminho indignado porque o Estado não faz nada. Mas você pode, por outro lado, fazer alguma coisa a respeito. Um gesto, uma ação. Que opção tem mais chances de diminuir o sofrimento imediato daquela criança...? Vale a pena tentar...