sábado, julho 01, 2006

TRANSPORNO OBSESSIVO COMPULSIVO


Quando vislumbro com objetividade o espaço que constitui a minha realidade, tenho sempre a sensação de que este deveria ser preenchido simetricamente. Sei que parece loucura ou mais uma das inúmeras manias que possuo. Na verdade não sei o porque. Sei somente que isto é uma necessidade intrínseca, independente da minha vontade e razão. Para mim, os espaços poderiam ser todos constituídos de planos límpidos e livres de aspectos desconexos. Até poderiam possuir ornamentos suaves, volutas sóbrias ou traços precisos, mas definitivamente deveriam ser simétricos. Deve ser por alguma necessidade psicológica desconhecida, alguma insanidade que transpõe a realidade e se demonstra como uma necessidade que é na verdade bem simples. Realmente nunca parei para pensar no assunto até este momento. Sabia que estava lá, esta vontade da clareza, do simples, da harmonia entre as proporções. Pode ser um reflexo característico de algum gene alelo ou cromossomo adaptado de tempos passados ou de vidas vividas ou transferidas entre as gerações, que acabaram por me acompanhar e que findam por passar-me estas sensações. Talvez a tendência dos acontecimentos e preenchimentos dos espaços que nos cercaram e que seguiram parâmetros caóticos que congruiram, no final da experiência, à simetria dos traços e objetos. Talvez tudo isso não passe apenas de uma singela saudade de se vislumbrar a disposição nostálgica que a vida sempre foi e que sempre desejou ser: simples, harmônica e principalmente simétrica...