terça-feira, fevereiro 05, 2008

INCERTEZAS



O âmago da questão não esta baseado em crenças ou dogmas de qualquer espécie. Nem existe a pretensão, em hipótese alguma, de chamar a atenção à questões religiosas sejam elas quais forem, também não aceito ser apoquentado por religiosos fanáticos que com o uso da emoção evasiva, inconsistente e principalmente irritante, acha que é possuidor de toda a verdade, se é que realmente existe uma verdade a ser possuída, afugentando qualquer pensamento ou teoria que não copule com as idéias dogmáticas da igreja. Alego o que alego, de forma a perpetuar a razão, mesmo sendo, em boa parte do tempo, uma pessoa com traços emotivos evidentes. Pois bem, há tempos e, de forma calada, venho tentando entender a real razão de nossas existências, da luta que travamos para conseguirmos fazer parte do mecanismo intrincado que é viver e, cheguei a conclusão, que não existe uma conclusão a ser chegada, pois não caminhamos para lugar nenhum, infelizmente. Simplesmente vivemos, seja lá o que isso signifique. Ainda que se pensarmos pelo lado metafísico ou ontológico, chegou-se a aceitar, mesmo porque senão a loucura nos invadiria mais cedo, que de acordo com a lei da causalidade, se existimos é porque em um dado momento, existiu a necessidade de que existíssemos. Até ai, tudo bem, ocorre que fosse qual fosse esta necessidade, com certeza há muito se perdeu no tempo já carcomido da historia humana. Sei que mencionei que não aceitaria nenhuma divagação religiosa neste contexto, ocorre que acaba sendo inevitável a menção de alguns detalhes. Se adotarmos a cosmovisão religiosa, do que é a vida, teremos que aceitar que realmente estamos aqui pois segundo a crença, cada um de nos tem uma “missão” a cumprir, porém neste ponto e de acordo com a causalidade imposta pelos eventos, indago a mim mesmo: qual seria esta razão? Qual a necessidade de termos que passar por tudo o que passamos? Por que sofrer tanto? Por que criar laços se um dia estes laços de quebrarão? Por outro lado, ontologicamente falando, se adotarmos as idéias de Sitchin, o qual por sua vez se baseou em escrituras antigas, de povos que remontam a tempos muito anteriores ao de Cristo, verificaremos que realmente existimos para cumprir uma missão, porem já resolvida há milênios, ja terminada e pronto, pois quando da evolução da nossa espécie, fomos criados apenas como parte de uma experiência genética com fins apenas práticos. Fomos portanto criados, usados e descartados e, se ainda estamos aqui, não cabe a mim tentar explicar, ja que tambem não entendi. Deste ponto, com os mais de 100 mil anos qe tivemos para "evoluir", acabamos por “andar com as próprias pernas”, acabamos por adquirir “conhecimento” sobre alguns pormenores corriqueiros, a criar uma estrutura social, regida por incertezas, medos, vontades fúteis, necessidades vãs, esquecendo o real motivo de nossa criação, buscando preencher agora o espaço vazio criado, com alguma coisa e, não tendo nada mais interessante para usar, com dogmas opulentos e irredutíveis o bastante para acreditarmos que realmente estamos caminhando para algum lugar... Na verdade não estamos caminhando para lugar algum. Apenas vivemos cada dia achando que existe alguma meta, objetivo para isto tudo. Passamos a maior parte do tempo revivendo o passado ou pensando no futuro, nunca pensando no presente, pois este nos enlouquece, pois esse nos dá a clara impressão de que é tudo em vão. Sem estas projeções temporais, com certeza a vivencia seria ainda mais estressante, e menos eloqüente, enlouqueceríamos mais cedo, pois esta sensação de que somos capazes de tudo, sem percebemos que não dominamos nada, é algo projetado, é algo esperançoso, é algo pelo qual acabamos por viver, porém estamos a mercê de uma dinâmica que na realidade não conhecemos e com certeza e infelizmente, nunca conheceremos. Estamos perdidos no meio de uma criação, que com certeza, pelo simples fato de ser criada, se deu por um motivo, mas, infelizmente, sozinhos nesta nossa caminhada, seja lá para onde. Neste momento, será possível que estudiosos da religião estejam roendo as unhas diante de tal “blasfêmia”, sem contudo perceber que fazem parte deste jogo que é a vida, cujas regras "desconhecemos" décor. Estive agora há pouco com meu cachorro de “estimação”, que por si só já é algo estranho, já que denota uma necessidade intrínseca de se agarrar em algo. E este, há cinco dias atrás saltitava alegremente pelo jardim apesar de seus já 12 anos de vida, porem de repente, parou de correr atrás dos gatos (eis outra imposição estúpida das necessidades) e se deitou não mais querendo se mexer. Levei-o ao medico a fim de “alongar” a sua estadia aqui, sem contudo querer acreditar que o seu tempo, se já não se esgotou definitivamente, bem perto está. E então, mais uma vez me apanhei pensando, bem quando lhe aplicava uma injeção – coisa que tive que aprender a fim de alongar sua existência e com isso satisfazer minha necessidade de afeto, ou seja lá o que for – mais uma vez nesta estória toda, dos caminhos percorridos, das coisas que nunca fiz e deveria ter feito, das minhas crenças, dos medos que me apoquentam, de minhas também necessidades vãs e mais uma vez percebi que realmente não entendo nada, mesmo que tendo buscado este entendimento em varias “portas”, percebi minha insignificância diante de meu criador e uma enorme vergonha de não compreender as coisas, e seus significados, o motivo pelo qual estou aqui e a estupidez de meus sentidos que até agora não conseguiram captar a essência desta minha existência. Tenho consciência desta mencionada existência, posto que estou aqui a divagar meus devaneios, outrossim também de minha inépcia perceptiva, ainda mais que sempre clamei que tudo que acontece tem uma explicação e um sentido, uma mensagem, um código, como uma charada que quando aprendemos a decifrá-la, aprendemos como viver. Ocorre que a intenção não é aprender a viver e sim entender o que é esse viver, entender todo os sofrimentos, intercalados com momentos de euforia e alegria, entender por que fomos escolhidos a fazer parte disso tudo, entender para onde teríamos ido se não viéssemos para cá, perceber a mensagem do criador sem que isso lhe trague alguma insatisfação, sem que isso fosse algum perjúrio mas simplesmente satisfazer esta coisa que é inerente de todo ser consciente, que espero não ser errado, que é buscar o entendimento da sistemática biológica, das leis que regem as coisas, sejam elas microscópicas ou macroscópicas, fazer a nossa parte sem que isso fosse algum tipo de heresia, se desvencilhar dos dogmas e medos impostos de modo a obter a serenidade dos sábios, que já aceitaram suas posições neste contexto, mesmo talvez desconhecendo o verdadeiro teor da palavra viver. Quem sabe perceber que simplesmente somos pequenas moléculas, ou, menores ainda, pequenos átomos, que nesta caoticidade acaba por gerar algo impensável, alguma outra dimensão imperceptível de algo ainda maior. Quem sabe, como as bactérias que habitam nosso corpo, não somos parte de algo estupefantemente grandioso, do qual nem podemos imaginar, quem sabe não somos parte de algum pensamento do criador das partículas que regem os seus pensamentos, que constituem o seu corpo, que constituem seu amor, quem sabe?

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

E,se algum de vós tem falta de sabedoria,peça-a a Deus,que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-à dada.
Peça-a,porém,com fé,não duvidando;porque o que duvida é semelhante à onda do mar,que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte.
Não pense tal homem que receberá de Deus alguma coisa.
O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos.(Tiago 1:5-8)Valéria

1:50 PM  

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